Muhammad Ali é considerado o maior desportista de todos os tempos. A gloriosa carreira do pugilista, que foi acompanhada de muita política, foi única. Ali lançou as bases do seu sucesso nos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960.
A 5 de setembro, Ali foi coroado campeão olímpico de pesos pesados na capital italiana – foi o início da sua evolução para uma superestrela absoluta.
Por muito importante que o triunfo tenha sido para ele, a história por detrás dele é incrível. Afinal, na altura, Ali quase não fez a viagem.
A sua recusa deveu-se ao facto de o jovem de 18 anos ter pavor de andar de avião. Tinha havido uma forte turbulência a caminho do torneio de qualificação olímpica em Los Angeles, o que causou grande ansiedade ao jovem.
Ali queria apanhar o comboio dos Estados Unidos para Itália
A sua sugestão: ou de barco ou de comboio. Enquanto os responsáveis consideraram a primeira opção pouco razoável, a segunda era simplesmente impossível. “Que pena – assim não vou aos jogos”, respondeu Ali, que na altura ainda usava o nome Cassius Clay.
O seu treinador, Joe Martin, não queria deixar passar esta decisão. Tinha treinado Clay desde os doze anos e tinha-o moldado para se tornar no pugilista que lutava tudo em ground and pound no boxe amador. Agora, afinal de contas, um avião inofensivo não ia impedir o campeão americano de pesos pesados de fazer a sua grande entrada no palco mundial.
Numa longa conversa no Central Park de Louisville, Frazier acabou por convencê-lo de que tinha de ganhar os Jogos Olímpicos primeiro para estar pronto para o título mundial. Esse argumento deveria ter sido suficiente para Ali, que agora estava pronto para pôr o pé na máquina.
O “Tornado de Louisville” conquista os Jogos
Uma viagem em que se diz que Ali gritou de nervosismo. Outros afirmam que ele saltou por todo o avião, prevendo as hipóteses de quase todos os atletas presentes ganharem uma medalha.
Uma vez em Roma, o “Tornado de Louisville”, como mais tarde lhe chamariam, atraiu imediatamente as atenções para si. Logo na primeira ronda, o atleta venceu o belga Yann Becaus, cujo nome terá provocado grandes gargalhadas entre Ali.
O mesmo destino viria a acontecer a Gennady Shatkov, afinal o campeão olímpico de pesos médios de 1956. O próximo no caminho para o ouro foi o australiano Tony Madigan, que foi claramente derrotado por pontos por Ali.
Na luta pelo ouro, Ali defrontou Zbigniew Pietrzykowski e declarou depois que “tinha absolutamente de ganhar sem deixar qualquer dúvida”. Anteriormente, uma decisão controversa noutra categoria de peso tinha causado incompreensão quando o americano Eddie Crook também venceu por pontos num duelo polaco-americano.
Um golo de confiança para o jovem Ali, de 18 anos, porque o polaco, oito anos mais velho, era claramente mais experiente e já tinha feito 230 combates amadores nessa altura. Foi Pietrzykowski quem irritou Clay com os seus golpes pouco ortodoxos e manteve a vantagem até ao final do segundo assalto.
O campeão olímpico Ali torna-se “Mayor of the Olympic Village “
Cassius era de longe o atleta mais popular da aldeia”, escreveu mais tarde o jornalista Dave Kindred, e por isso foi mais tarde declarado “Mayor da Aldeia Olímpica” por atletas e funcionários.
Ali também estava muito orgulhoso da sua medalha, que não iria tirar de momento. “Não tirei a medalha durante 48 horas”, explicou Ali, mas isso fê-lo dormir pior: “Até a levei para a cama. Mas não dormi muito bem. Tive de dormir de costas, o que nunca fiz, ou a fita da medalha ter-me-ia cortado o pescoço. Mas não me importei, afinal era um campeão olímpico”.
A vitória olímpica, no entanto, seria apenas o nascimento de Muhammed Ali, um campeão que o mundo inteiro viria a conhecer para sempre.